Jacuí

Jacuí – A Mãe do Sudoeste Mineiro

Com população atual estimada em 7.681 habitantes, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Jacuí possui 409,229 kmº de extensão territorial, altitude de 1.011 metros, clima ameno e vegetação de cerrado e campos, o que propicia o desenvolvimento econômico da agropecuária. Localizado a pouco mais de 400 km da capital do Estado, Belo Horizonte, a história do município de Jacuí liga-se à época da exploração aurífera de Minas Gerais.

A história começa a partir de Francisco Martins Lustosa, guarda-mor português nomeado pela capitania de São Paulo e que participou de disputas por terras com a capitania de Minas Gerais na primeira metade do século XVIII, saindo vitorioso em algumas ocasiões. Entretanto, em 1748, a capitania de São Paulo foi subordinada à capitania do Rio de Janeiro, que resolveu os conflitos territoriais com Minas Gerais.

Assim, Lustosa sabia que era considerado inimigo pelas autoridades mineiras e partiu de Santa Anna do Sapucahy (atual Silvianópolis) para Ouro Fino e, posteriormente, para Curitiba, escolhendo um caminho que o levou ao sul de Minas em 1750, possivelmente onde se localiza Jacuí, onde encontrou minas de ouro e deu início à sua incipiente exploração.

A partir daí, a extração aurífera nestas localidades do sul de Minas Gerais ocorreu em forma de contrabando, com documentos esparsos que indicam a passagem do explorador paulista Pedro Franco Quaresma pela região, e com a formação, nesse período, de pequenos povoados e quilombos.

Apenas em 1764, quando o governador da capitania de Minas Gerais Luiz Diogo da Silva visitou os arraiais de São Pedro de Alcântara e Almas, Santa Ana e São João do Jacuhy, locais que hoje fazem parte do município de Jacuí, é que a localidade passou a receber soldados e fiscalizações permanentes que visavam garantir a segurança e tributação da extração de ouro, além de ter seus limites territoriais definitivamente incorporados na capitania de Minas Gerais.

Tal situação perdurou até 19 de julho de 1814, quando a localidade conhecida naquele momento como São Pedro de Alcântara do Jacuhy foi elevada à categoria de vila, passando a chamar-se Vila de São Carlos de Jacuhy, possibilitando então a implementação de uma estrutura administrativa e judiciária que permitiu seu desenvolvimento até alcançar a categoria de cidade em 15 de outubro de 1869.

Entretanto, por conta de frequentes disputas territoriais regionais, desmembramentos e perda de terras, muito em virtude da desordem administrativa da província de Minas Gerais e do governo imperial, a Vila de São Carlos de Jacuhy entrou em decadência econômica e, em 13 de setembro de 1870, teve seu município anexado ao de São Sebastião do Paraíso, perdendo a categoria de cidade e tornando-se freguesia da Vila de São Sebastião do Paraíso, com a transferência da Câmara para esta localidade, o que ocasionou, além da perda de autonomia administrativa, o sumiço de vários documentos da história de Jacuí.

Essa situação perdurou até 22 de setembro de 1881, quando Jacuhy tornou-se novamente município, composto naquele momento pelas freguesias de São Carlos de Jacuhy (elevada à categoria de vila), de Monte Santo de Minas (que fora desmembrada do município de São Sebastião do Paraíso) e de São Pedro da União (desmembrada do município de Cabo Verde).

A configuração territorial de São Carlos de Jacuhy continuou em mudança mesmo após a Proclamação da República: em 1890, Monte Santo de Minas conseguiu sua emancipação política e desmembrou-se de Jacuí; em 1901, o distrito de São Pedro da União foi transferido para Guaranésia; em 1911, perdeu São Joaquim (atual Alterosa) e Bom Jesus da Penha (que havia adquirido em 1901); em 1938, teve parte de seu território transferido para São Sebastião do Paraíso; em 1943, outra parte de terras passou para São Pedro da União; e, finalmente, em 1962, perdeu o distrito de Santa Cruz das Areias (atual Fortaleza de Minas), que havia adquirido em 1901.

Em relação à infraestrutura urbana, a cidade de Jacuí desenvolveu-se, sobretudo, na segunda metade do século XX, com a construção do Hospital e Santa Casa, pavimentação de ruas, tratamento de esgoto, construção de escolas, ampliação da rede de distribuição de energia elétrica, central telefônica etc.

Como se vê, Jacuí teve uma história marcada pela incipiente exploração aurífera e disputas territoriais durante o período colonial, imperial e até mesmo republicano. A Mãe do Sudeste Mineiro viu, assim como muitos outros municípios da região, parte de seu território ser perdido e acompanhou o progresso nacional de acordo com suas peculiaridades, desenvolvendo sua economia baseada especialmente na cafeicultura, agropecuária e, atualmente, pequenas fábricas de costura.

Em termos culturais, Jacuí se destaca em toda a região pela Festa da Congada, celebrada no mês de dezembro, pelas Folias de Reis e diversos eventos como Semana Cultural, Natal Iluminado, Aniversário da Cidade, Festa de São Sebastião etc., além de preservar seu patrimônio cultural: possui 12 bens tombados, incluindo um Arquivo Histórico, e 35 bens inventariados que, juntos, guardam em sua arquitetura, registros e histórias os traços deste rico caminhar ao longo dos séculos.

Fonte: SILVA, Paulo Sérgio da. Dimensões e Perspectivas Históricas de Jacuí – Minas Gerais. Passos: Editora Offset São Paulo Ltda, 2004. E-mail: paulounesp@yahoo.com.br
Texto: Doutora Ana Paula da Silva – Historiadora e Chefe do Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal de Jacuí. E-mail: anapaulahistoria@yahoo.com.br
 

Acesse o site: www.jacui.mg.gov.br